terça-feira, 28 de julho de 2015

Sugestões para uma gestão cultural mais firme mais sensível e mais atenta deste país


ABC para uma gestão cultural mais firme mais sensível e mais atenta deste país

a) Promoção e reforço geral da componente de ensino artístico nos programas de ensino base e com criação de novos pólos especializados. Algumas disciplinas artísticas carecem de uma detecção de vocações atempada, com canalização específica de talentos para que se obtenha a eficácia pretendida

b) Regulamentação, fomento e actualização urgente de bolsas nos domínios de investigação, cientificas e nas artes, reforçando as dos bolseiros que sobrevivem com dificuldades fora do país 

c) Recuperação urgente do Conservatório Nacional e auxílio financeiro para criação de novos espaços (municipais) onde tal se justifique, além do auxílio aos Conservatórios regionais

d) Iniciação às artes performativas nas escolas, com integração nos programas do ensino básico. O ensino do teatro, dança, artes circenses, musica, canto, etc. deve integrar a componente pedagógica geral.

e) Apoio ao galerismo municipal, com iniciação estética e iniciativa cultural regional relacionada, com reforço significativo das verbas a tal fim destinadas. As visitas de escolas à sua Galeria de arte municipal e a criação de exposições escolares temáticas devem tornar-se prática normal e frequente para desenvolvimento do gosto e exercício crítico e evolutivo do sentido estético

f) Apoio financeiro ao desporto regional, com subsídios para scouting, estágios e bolsas de aperfeiçoamento a todos os jovens que nas várias modalidades desportivas revelem talento significativo - devendo neste aspecto ser reforçado o ecletismo desportivo com apoio de vocações a áreas diversificadas e não limitadas aos desportos maioritários.

g) Apoio aos artistas e desportistas em fim de carreira com bolsas de utilidade publica que permitam um fim de vida honroso, sempre que comprovadamente necessário

h) Inventariação e requalificação de Auditórios e velhos Teatros, Casas do Povo, Sociedades recreativas extintas ou outros espaços culturais abandonados ou sub aproveitados. Portugal tem centenas de espaços surpreendentes deste tipo, em estado de ruina avançada ou total.

i) Urgente e forte monitorização de todo o património natural e histórico de interesse nacional ou regional para relançamento e subsidio de recuperações e requalificação. Há demasiados edifícios históricos por classificar e por vezes, pequenas referências regionais representam identidade estética e cultural local: - moinhos, fornos de cal, açudes, bosques, ecossistemas, ruinas por explorar, casas, palacetes, quintas e adegas de referência, minas abandonadas, grutas, etc. etc.

l) Aproveitamento das estações de Caminhos-de-ferro abandonadas e conversão em espaços culturais, sedes de Colectividades significativas e merecedoras, Pequenos Museus regionais etc.

m) Vigilância de “play list” democráticas - e não comandadas por lóbis editoriais ou outros - na Radio e Televisão públicas e zelo pelo cumprimento integral da lei da passagem de música portuguesa tanto na RTP como nas estações privadas 

n) Apoio fiscal aos direitos de autor e respectiva Sociedade Portuguesa de Autores e GDA (direitos dos artistas). Os autores são o motor e o veículo activo da Cultura nacional no espaço e no tempo

o) Promoção da leitura, com contadores de histórias, leitura de poesia, de lendas e recriações históricas; criação de eventos literários, estimulo aos prémios florais locais, subsidio das autarquias a episódios espontâneos em espaços públicos, cafés, esplanadas de verão etc.

p) Criação de uma Comissão de Ética e Qualidade para o áudio visual, com funções consultivas e formativas. Deverá actuar na estrutura - aconselhando e advertindo sempre que necessário. Esta CEQ e as Provedorias do ouvinte devem em conjunto ambas configurar uma espécie de “livro de sugestões e reclamações” interveniente e activo face, por vezes, às más opções da RTV pública.

q) Apoio à iniciativa empresarial relacionada com actividades que são simultaneamente culturais e de potencial atracção como o Turismo equestre, o Eno-turismo, a Gastronomia Tradicional, etc.

r) Apoio incondicional às Tunas e Bandas filarmónicas que são na sua grande parte, ainda hoje, o alfobre e as verdadeiras Escolas de musica onde se iniciam quantas vezes futuros músicos de Orquestra

s) Exploração apoio e regulação de actividades relacionadas com a montanha e o interior paisagístico na sua dimensão desportiva e turística (rotas dos castelos, turismo de natureza, montanhismo, desportos de neve, ultramaratonas, etc.)

t) Apoio as actividades relacionadas com os recursos hídricos (canoagem, rafting, pesca desportiva, motonáutica, triatlos, etc.) como forma de promoção desenvolvimento e atracção turística

u) Motivação, empenho, exploração, criação e apoio de iniciativas relacionadas com o mar. A formação profissional, a museologia própria, concursos de pesca, observação de aves, festivais alternativos, concursos temáticos, construção na areia, rotas litorais, etc. podem constituir alternativas culturais com público próprio se devidamente exploradas.

v) A História portuguesa está repleta de episódios e de protagonistas que nunca passaram dos compêndios. Há que potenciar pelo Teatro, Cinema, Televisão, Literatura, etc todas as iniciativas q permitam o reconhecimento e divulgação dos nossos maiores através de biografias, filmes, celebrações várias. Obras que recoloquem essa história no patamar de circulação e que promovam autoestima e mais publico conhecimento de tais pessoas e feitos.

x) Deve haver bolsas aos autores fecundos e sérios que, através da sua reconhecida e continuada obra, promovam e divulguem a cultura nacional. Escultores, coreógrafos, músicos, pintores, escritores, compositores, divulgadores culturais, etc. todos deveriam poder contar com o interesse acompanhamento e subsídio de Estado, através de apoios e estimulo à sua produção.

z) A cultura é uma forma de estudar e integrar o passado, relatar e confirmar o presente e projectar e garantir o futuro de um Povo. Não deve ser entendida nunca como um parente pobre da representatividade nacional, mas sim uma embaixadora, - quantas vezes determinante - da qualidade e da matriz de um país na admiração do mundo e do seu reconhecimento.



Assim os governantes por vezes o entendessem devidamente.

                                                                                              Pedro Barroso



terça-feira, 21 de julho de 2015

a fábrica de listas

Foi há uns 15 anos já, suponho eu. 
No meu alpendre assisti em show privado, ao mais assustador espectáculo interno de como se fabricam listas num grande partido. 
Recolhidos e albergados em minha casa após dia insano de contactos, um amigo meu e sua parceira - sim, assumo, um amigo porque eu acredito nas pessoas primeiro, sem cor de camisola obrigatória...- pediu guarida na velha Quinta da Raposa e por lá pernoitou, no quarto do alpendre. 
Andava a tratar das listas. Era um destacado dirigente. Respeito.
Mas deitar estava difícil. Agarrado ao tm o homem desdobrava-se em contactos estranhos. E eu sentadinho na cadeira, ouvia aquilo tudo boquiaberto, apesar de ele, por vezes, se afastar, cauteloso, para baixo de alguma laranjeira mais afastada... perdendo-se no escuro.
O diálogo era do género: trocava o 12 do Porto pelo 5º em Braga; e esse que estava previsto em Braga iria para Vila Real, pois casara com uma professora de lá; e o 7º de Viseu não tinha hipóteses portanto era melhor ir para nº 2 em Portalegre. Não tinha ninguém em Portalegre? Bom arranjava-se um tio, talvez uma avó, sei lá! O 2º de Faro era uma besta-quadrada mas a Comissão politica Nacional ou lá o q era, exigia que o gajo entrasse!... De modos que o que era para ser nº 2 ia para 8º no Porto e tambem era eleito de certeza e ninguém se ia chatear. O homem não conhecia ninguém no Porto? Ia como funcionário do Partido na delegação Norte, e pronto... 
Não dizia nomes - só números. Uma trapalhada monumental - As cunhas dos colunáveis apareciam e o "amigo" desesperava com aquilo. Palavrões, suor, papel rasgado, mais telefonemas, mº desespero... 
A coisa continuou assim ate as 3 da manhã. Eu, assustadíssimo, desisti de compreender. Fui-me deitar. Mas ao q parece é assim q funciona o mérito e a distribuição de lugares nos grandes partidos no arco do poder.
Os presidentes das hierarquias, os soberanos das cúpulas, os interesses ocultos, o arranjismo dos tachos para os submissos das sombras. "Pequenos deuses caseiros" como escreveu Gedeão... Uma caldeirada de egos, todos muito importantes...
Na manhã do dia seguinte suspirei com alívio ao ver que, talvez comprometidos pelo espectáculo confuso, prolixo e deprimente da véspera, haviam partido, discretos, deixando uma breve nota de agradecimento. E até hoje...sinceramente, nunca mais os vi. 
Perdi, portanto, ao que parece, um grande e influente amigo. Ainda bem. 
Se era aquele, no fundo, o papel dele na vida e aquela a sua ideia de politica... Descobri que eu, pelo menos, estava nos antípodas de tal malabarismo e de tal forma de ser "arranjativo".
E de certo modo, na tal manhã seguinte fiquei mais aliviado por nunca ter integrado um circo de favores tão básico, tão triste e tão deprimente.
Ser sério tem muitas desvantagens, está visto; vive-se noutra semântica; outro planeta. 
Mas dorme-se muito melhor com a nossa consciência.

sábado, 18 de julho de 2015

O Gladiador de palavras

Eu tinha um sonho: - unidade !
...Mas com mil novas opções
(algumas decalcadinhas
dos partidos dos barões…)
já não sei; fico cismado
fica o sonho avariado…
Algumas clivagens puras
sem mais causas ou razões
que uma caldeirada de egos
com tamanhas poporções…
-Sou mais à esquerda que tu!
-Eu é que sou corajoso!
-Eu sou livre, tu não és!
-Eu só quero é ser famoso…
...
Outros exigem as coisas
com assuntos separados
criando um partido só
para assuntos dos reformados;
outros só para os animais
- que bem precisam, coitados...
(Temos tantos no poder
incompetentes, vorazes
tão doentes sem saber!...)

Acho tendências a mais
para falar sinceramente
assim, tantos… não “podemos”
-tal como nossos vizinhos
sem aprender essa ideia -
Não "podemos" ir em frente.
Assim, desalmadamente,
nem Abril nem Patuleia...

Dá-me vontade de ser
Mais do que um potenciador…
De intervir, avançar
Ir pr’à luta, cavalgar
Tornar-me num gladiador!
Pois ando a desesperar
Com estes velhos artistas
- mal consigo respirar…
(Serei só eu a notar
Que é urgente mudar
Para outros protagonistas?!)

Troco cinco Vitalinos
Mais sete Lacões inteiros
Por gente nova, animada
De nome desconhecido
E princípios verdadeiros!
Levem o MAC e o Feio
Levem o Paulo das feiras
Levem o Ferro, o Coelho
40 anos tal gente
O país ficou doente
Teso, infeliz, deprimente…
Quero pessoas inteiras!
Gente pura, gente quente
Que dizendo aquilo que sente
Se deixe de brincadeiras
Para a gente seguir em frente
E duma forma abrangente
Depois de tantas asneiras
Tornar Portugal diferente
Deste vira recorrente
Repetido e deprimente
Este "vira" das cadeiras!

Em suma - vou arriscar
Vou prá luta, sigo em frente!
Nada a perder - vou para o mar…
Pouco conto, mas sou gente
Pior não sou, certamente
sigamos todos, sem medo
Gente de bem, gente gente
com coragem de avançar
Dizer verdades ao vento
Para o vento soltar bandeiras!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

puta!...

Amava muito a minha caneta. 
Qual? Sim eu sei q tenho muitas, mas aquela castanha grande e linda, a que ia sempre comigo, vcs sabem? Essa mesmo. 
Era uma belíssima e excelentíssima caneta. Mas onde ficou a minha caneta? Oh, Tenho saudades da minha caneta. 
Ah! Eras gorda e pesada sim...e escrevias um traço grosso e macio como veludo. 
Eu amava-te, minha caneta. Quando te agarrava com a mão sentia um prazer indescritível ao tacto; e ao traço que de mim ficava. Deleite puro. Relia-me rebolando de prazer. 
Onde andas, meu amor? Porque me abandonaste? 
Ou será q eu - cruel e injusto...- te deixei em algum lado, sem saber? Se o fiz, desculpa-me; sou um velho poeta, que vive noutro planeta por vezes; e passo ao lado das miudezas da vida. Largo pedaços de mim por todo o lado. Poesia, encanto, paixão, irreverencia, sei lá...
Sabes que ultimamente sempre te era fiel. Sabes q só escrevo preto no branco e com tinta permanente em canetas bonitas e de fina elegância, peso, trapio e traço imponente e fluido. 
Como poderia esquecer-te? Volta, minha cúmplice, e tão secreta confidente! Volta por favor... 
Sim, já sei que tenho mais 50 outras, aqui e ali, implorando pelo meu traço; tens razão, mas tu sabes bem que nos últimos tempos só te queria a ti. 
Volta por favor! Mesmo q tenhas provisoriamente tido uma aventura com um analfabeto, ou pior, até um defensor do AO. 
Volta, caneta minha, imponente, caríssima e majestosa. Meu lado nobiliárquico e vaidoso de mim, q nunca consegui contrariar. Relógios e canetas...sim... tu sabes; e eu julgava que me desculpavas por isso. Mas se calhar ofendias-te com essa pluralidade, não sei...
Porque te foste e me torturas assim? Meu traço lindíssimo e sem falhas. 
Como gostava de ti. Porque me deixas assim, nesta tristeza? 
Fazes-me falta. Custa-me tanto saber q andas por aí... sem Dono. 
Volta por favor. Regressa a mim. Tudo perdoado.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sim, Sr. Presidente


O homem bocejou, depois de almoço. Parecia alheio aos estudos e sondagens de popularidade.
Os assessores, preocupados, reuniam de urgência. Após tão publica e manifesta descrença e tão arrasadora percentagem nos jornais e televisão, impunha-se uma contra reacção urgente. Uma injecção rápida e eficaz de simpatia. Sim, era preciso fazer qualquer coisa.
O assessor 7, amaneirado e gesticulante, garantiu que o homem precisava era de um "re-styling urgente. Talvez um novo alfaiate, uma nova escolha de gravatas e peúgas. Talvez uma visita ao Eduardo Beauté. Parecia um manequim da Rua dos Fanqueiros, daquelas lojas antigas e escuras que ainda por lá resistem. Talvez ginásio, sauna, quem sabe?" - e calou-se arfando.
O assessor 8, insurgiu-se dizendo que, para polémica com alfaiates, já bem bastava a comenda do Infante atribuída ao da D Maria para ter arranjado sarilhos. E propôs uma decisão que agradasse a todos os cidadãos. Uma coisa altamente popular, consensual.
- Mas o quê ?, perguntavam-se todos. E entre-olhavam-se, derrotados de ideias, cabisbaixos. Tinham sido contratados por amizades pessoais, posição nas jotas e em agências ganhadoras e fabricadoras de êxitos. Gente bem paga, todos; mas pouco habituados ao insucesso e a ter de promover produtos estragados e sem graça.
O Assessor 21 lembrou os santos populares - que tal o Presidente ir a Alfama, muito descontraído comer sardinhas com o povo? O assessor 5 contestou de imediato, pois "tal descontracção nunca fizera parte da imagem presidencial e as experiências de comer em público sempre tinham corrido mal, desde o celebre bolo-rei que teimava em sair pelos cantos da boca e, além disso, o cheiro a sardinhas poderia incomodar a comitiva". E fez-se um silencio...
O assessor 4 interrompeu então - Umas férias nas Maldivas era uma coisa gira, sempre divertida e popular; dava um ar presidencial, moderno. Logo o assessor 23 deu um salto. Nem pensar! Para depois nos acusarem do mesmo q acusámos o outro, quando andou a cavalgar tartarugas gigantes? O país, de facto, estava em contenção - era uma manifestação de riqueza que ainda cairia pior.
- Um torneio de golfe de iniciativa presidencial, talvez? - Aventou o A25. Mas toda a gente sabe que o presidente não gosta de golfe, não acerta na bola, nem tem swing que se conheça, argumentou o A12, sempre contrariado. E seria uma iniciativa considerada elitista. Chato.
Irritado com tudo isto o A 13, - melómano furioso nas horas vagas da agência de imagem que o mantinha em out sourcing…- lançou a ideia de uma Nova Orquestra de patrocínio directo da presidência. Olharam todos de imediato para ele com um tal furor no olhar, que prontamente retirou a ideia, pois a Cultura, sabia-se, era uma área tabu na sensibilidade do Presidente. E o nome Nova a aplicar para a Orquestra também não soaria nada bem, depois do improvisado e apressado nome arranjado para o Banco Novo.
- Uma visita de Estado. Falou baixinho, sensato e sabedor. Era o mais avisado e mais velho assessor – o A 16 – que, como de costume, lançava a ideia. Todos espetaram as orelhas. Podia talvez ser. A18 entusiasmou-se e avançou logo:
- Sim, uma coisa grandiosa e de respeito. USA? Rússia? Inglaterra? Ir à Alemanha protestar a nossa velha história e heroísmo, para ver se nos aliviavam a carga fiscal? Os outros entreolhavam-se realistas. Quem iria querer receber o senhor assim de repente? Nah. E a coisa podia ser entendida como intromissão na política do Governo. - China? Lembrou o A19. Muito longe… Comem gatos e cães… a D Maria poderia intrometer-se e ser inconveniente…- disse A22.
- Talvez então a Índia? Visitar Goa, Damão e Diu, para apaziguar as feridas? Alvitrou o A20. Pois isso era genial mas…Seria polémico. O “outro” já lá tinha andado a passear de elefante! Lembrou o A15, sempre profundo conhecedor dos assuntos do Oriente.
Resultado. O melhor que se achou foi a Bulgária. E a Roménia. Agora, havia que convencer o Presidente da forte e urgente importância de visitar estes países, talvez no contexto da crise Grega. Enquadra-la como acção de Estado num âmbito mais vasto de fraternidade comunitária, como polarizador de uma amizade antiga. Claro que “se teriam de lembrar de estudar melhor tal amizade histórica, pois não havia alianças conhecidas, nem número de emigrantes significativo. Nem grande oferta empresarial, ao que parece. Uma bulgaridade…” Lembrou, sempre irónico, o Assessor 6, que estava sem falar há duas horas.
- Valia mais estar calado, sinceramente. Disse o A21. – OK, Bom quem vai falar com o homem? Escapou-lhe a protocolar incorrecção, no que foi de imediato admoestado pelo A27.
- Eu vou. Ficaram todos a admirar a coragem do A18. Sempre ele. E lá foi. Corajoso.
A capacidade argumentativa do colaborador era reconhecida entre todos. A função não poderia ficar melhor entregue. E foi.
- Bulgária? Ainda protestou o Sr. Presidente, vagamente incomodado com tão estranha terra e sua indecifrável língua. 
Repare Sr. Presidente que a nossa ligação é de longo alcance e de muito peso. Argumentou o A18.
- Serio? Você acha mesmo?! De peso?!– Ainda tentou ripostar…
- Claro que é sr Presidente. Repare só que o actual recordista nacional do peso não é mais que um gigante búlgaro que se naturalizou português… quer uma justificação com mais peso que isto? Olhe que o homem é português mas chama-se Tsanko Arnaudov!
- Oh… não me diga, nesse caso vou falar com a Maria, mas acho que é urgente ir à Bulgária agradecer, e você, concorda?
- Sim com certeza, óptima ideia, Sr. Presidente. Excelente escolha.
Saiu esfregando as mãos. Sempre queria ver as sondagens daqui a umas semanas, depois de visita tão importante, tão histórica, tão arrojada e tão destemida. E tão apropriada no quadro da crise do Euro, da problemática ecológica e do peso da ameaça do Islamismo radical; e sobretudo da ameaça de degelo das calotes polares. Grande jogada politica.

Um acto de coragem invulgar, é o que é. Vão lá agora desmentir! Sondagens garantidas.