segunda-feira, 4 de abril de 2016

histórias do panamá

Os ricos escondem património? Mas olha q espanto imenso!
Como se não soubéssemos! Se há tantos milénios q é assim... Como se fosse surpresa! 
Como se não fosse o vil cifrão o mais aconchegante e procurado símbolo do planeta para todos eles. 
Ainda por cima, escondem cuidada e intrincadamente, por um farisaico pudor, seus biliões, para pretenderem - à luz do publico conhecimento - uma aura de honesto labor e seriedade. 
Mas à mulher de César não pertence apenas ser séria; também pertence parece-lo. 
E hoje já não se gasta disso. Apenas se finge.
Ainda por cima, desculpem lá, serão abastados mas tambem imprudentes, estúpidos, negligentes e um pouco ingénuos.
Como se os grande ricos não devessem sempre ser discretos e cautelares! Com efeito, só os ricos parvalhões, exibidos e incautos, se rebolam nas revistas e deliciam de vaidade.
Olhem só como sou belo e poderoso!
O que se tem, ou não, houvera sempre de ser coisa discreta, no domínio da arte, da amizade, do conhecimento, da saúde, do gosto e da beleza. Coisas da intimidade, quase como segredos da pele, indizíveis relicários de um bem estar quanto baste. 
Pouco mais; ornado a espaços de algum uso, sim senhor, em viagens, cultura, conforto e propriedade; mas com bem mais recomendável recato, parcimónia, leveza e contenção. Humanidade, talvez. Modéstia.
Eu, por exemplo - com a minha incomensurável fortuna, acumulada num acervo de vida notável e de emoções sem comparação...- já tentei esconder todo o meu património num qualquer panamá. 
E juro q não consegui. 
Veio vento da serra e voou tudo. Só em abraços tinha o mundo.
Era muito superior aos biliões todos desta gente. Não cabia.

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