quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O Natal no madeiro do tempo

Um Natal sem Deus. 
Meteu ferias há muito tempo. 
Deixou-nos aqui com a incumbência de continuar a festa e fingir acreditar. 
E nós lá readaptámos o cenário ao nosso gosto. 
...e ao longo dos séculos fomos alterando aqui e ali. 
Fazendo um Natal pagão, imenso, com madeiros ardendo, do tamanho de praças inteiras. Renas estranhas, trenós nórdicos, presépios robot, árvores plásticas e neve sintética.
Aldeias fervendo seus cozidos e morcelas, baixinho, em fogo brando, em panelas de ferro. 
Velhas tias cozinhando há 3 dias reclusas na cozinha, fabricando excessos absolutos de empanzinanço e conforto da goela. 
Rabanadas c açúcar e canela. Polvo macio, bacalhau lascudo, peru recheado de tudo o q é bom. Lampreias de ovos, bolos reis cheios de missas do galo; e presentes cheios de cuscurões e bebedeiras. Papel rasgado, laçarotes. Leitão e prendas vermelhas a luzir.
Insultos de família, velhas tensões privadas; tudo regado a bom vinho do porto ou, enfim, o melhor q se conseguiu. O problema das heranças esquecidas. Gente feliz com lágrimas.
Deus ausente. Rei comercio em horas extraordinárias de bondade, cheirando a consumo e a bolos. Ainda bem q "Ele" não vê estas coisas. Ou vê mas já nem liga.
O Natal vive hoje como pagão absoluto - gula em estado puro. Compra e venda de emoções.
Tudo pecado. Oremos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

de Matos...

Julgo q chegou o tempo de dizer basta. O q li hoje entra pelas raias do delírio. Sim; há violência e absurdo na politica ocidental face ao mundo islâmico desde há muito tempo. Desde a reconquista "cristã", em nome da fé e do território, claro. 
Desde Afonso III, ele sim, enfim, rei de Portugal e dos Algarves. Desde os massacres e chacinas dos califados de Silves e de Córdoba, já agora. 
O mapa era outro. Sim.
Sim - é obvio tb q nunca houve armas de destruição massiva no Iraque e q tudo foi uma mentira para o invadir e "resolver" um incomodo.
Sim; é óbvio q a politica ocidental - leia-se sobretudo americana ...- pro semita nunca vai equilibrar forças permitindo uma Palestina verdadeiramente livre e independente. Sobretudo porque apoia a ultra direita filo fascista nacionalista.
Mas defender os recentes massacres em Paris e no mundo e o direito à morte arbitrária de quem passa como um acto "normal" de jhiadismo "legal" como se fosse um arremessar de pedras, um detalhe de desagravo e razão histórica, uma simples manifestação de protesto frente a uma qqr Embaixada ou uma intifada incidental, previsivel e justificável... é de um insulto esquizóide, uma mentalidade doentia e uma agressividade de ser desequilibrado.
Arnaldo Matos virou ...Júlio de matos.
Eis um local onde trabalhei alguns anos; com pessoas bem mais equilibradas e sensatas q as ultimas declarações deste ilustre estadista e "grande educador" podem fazer adivinhar comparativamente.
Ultimamente demasiados homens históricos em Portugal deviam aprender o exercício saudável da humildade e do silencio; para não desmoronarem todo o edifício de respeito por uma vida de opiniões, e não perderem totalmente o pudor de si mesmos.
Mesmo q sejam opiniões diferentes. Não é isso q está em causa.
Saber retirar-se a tempo e cumprir o por vezes inevitável espaço da demencia senil, sem insultar a inteligência de quem ainda a não atingiu, eis algo q se recomenda vivamente. Quando a raiva sobe, obnubila, perturba e assalta a fonte limpa do equilíbrio e do bom senso... haja alguém q nos indique q chegou a hora do comprimido, pondo-nos um dedo sobre os labios.
Para q a paz, - pelo menos nos nossos ouvidos...- seja possivel!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

dear mr Mark zuckerberg

Exmo sr dono do fb com um nome esquisito (Zuckerberg significa Monte de açúcar! - acho péssimo, tem de ter cuidado com a diabetes homem...) :
Parabéns pela criança e assim. Vai ver q vai ser um sacrificio criar a criaturinha mas talvez no seu caso consiga pagar-lhe os estudos. Ainda bem. Folgo tb de o saber filantropo.
Mas o motivo q me traz aqui hoje é outro. Por muitos filtros q ponha nas definições desta sua invenção tao simpática e porreirinha p ficar em casa, continuo a ser membro de coisas e paginas q não lembram ao diabo, muito menos à minha recatada pessoa!
Gostava de saber como raio sou membro dum grupo de classificados filipinos, outro de Jonas para a bola de prata, da justa causa pela marmelada paraguaia, da confraria dos nabos de Condeixa e de sado masoquismo argentino!
Respeito todos os desígnios e desejos do planeta excepto os malucos do daesh q destruiram o meu Bataclan - e outros urgentes casos de policia, tipo pedófilos, homicidas e gente dessa, obviamente ...- mas fico assustado com tanto maluco à solta que, putativamente participa de minhas preferências, sem eu sequer saber. E detesto nabos.
Tb acho estranho pertencer aos amigos dos esquentadores reparados. Tento comprar novos e na casa onde estou de momento, até uso caldeira eléctrica. Falta de informação.
No outro dia, estranhei pois tb foram buscar uma foto de um carro q eu tive e ja vendi há 3 anos, só para me fazer sofrer de saudade, coisa q me provoca sempre imensa dor nas unhas e corrimento argiloso no telhado.
Agradeço a todos os amigos q não me façam aderir ao q não peço nao me façam propostas tão esquisitamente tentadoras e q sejam muito felizes assim
Fiquei tb a saber o calendário das festas kosher em Israel e a lista de casamentos no Bangladesh. Mas de momento nao estou interessado nem num nem outro.
Muito obrigado e desculpe qqr coisinha
pb.
post scriptum - ah quando se der ao trabalho de repartir então a fortuna, ok, estou a precisar de obras no telhado, portanto qualquer milhãozito ...dava sempre jeito... Agradecido.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Dúvida animal

Tenho uma preocupante duvida existencial. 
Após alguma meditação pessoal criei uma angustia q nem posso. Faz hesitar a minha "felicidade interna bruta e o meu "indice de progresso genuino". 
O meu cão deve ter q área de quantos metros quadrados para ser considerado em cativeiro? Estou muito preocupado.
E ter um cão ou um gato em casa não é, em ultima analise, te-lo retirado do seu habitat ancestral? 
Angustio-me. Pois à partida todos os animais não eram selvagens e não viviam em habitat selvagem? 
Te-los modificado e cruzado, adoptado, castrado e domesticado não é uma violência milenar? 
Dar-lhes comida e ração e assim... não será uma violência q agride o seu intimo, o seu brio e a sua felicidade? 
Eu "tenho" um gato - enfim aparece qd lhe apetece e dá-nos turras tb só qd está para aí virado...- enxertado em lince, muito selvagem, que gosta muito mais de lagartixas q de wiskas! 
Ora bem - devo considerar isso distúrbio post traumático do stress, devido ao ser forçado por vezes a ter de ingerir carissimos patés em dias de chuva qd não consegue caçar? Que psicólogo me aconselham? 
Busco o superior e iluminado esclarecimento de quem souber. O PAN parece ser a única ajuda possível.
Mais. Ter um cão, trazê-lo pela trela, levá-lo a passear, etc não é uma violência? Se o deixarmos livre ele vai andar a solta e esse sim, seria um processo de regresso ao seu habitat natural? 
Qual era, ou seria ou foi a condição natural dos cavalos, leões e serpentes, periquitos e peixes? Não deveríamos te-los respeitado nestes milénios todos nos seus prados e savanas e cardumes e deixa-los sossegadinhos e entretermo-nos connosco próprios? 
Usar cavalos bois ou burros como meio de lavoura, transporte, comunicação, passeio, correio, etc ao longo da Historia não foi um retrocesso violento? Ter cavalos é crime? Estou preocupado.
Mas mais - nós próprios, animais humanos, andarmos vestidos, termos horários, códigos de comportamento, deveres, contribuições, enfim esta barbárie a q chamam civilização, etc não é uma extrema violência?
eu por exemplo detesto a fivela do cinto qd me aperta e entala a pele. Se vivesse no meu verdadeiro habitat eu queria lá saber de cinto! 
Outra coisa. Andar de carro não é um acto impensado de violência ao nosso verdadeiro habitat? Sim porque este nao era o nosso habitat qd éramos selvagens!... 
Tambem tenho um filho na Austrália mas não quero ofender ninguém se o visitar. Posso apanhar o ultra poluente avião? Quantos microorganismos vai matar? Qual a poluição q um Boeing faz daqui até à Austrália? Quanto plancton destroi quantas joaninhas assassina ao aterrar?
Quem nos mudou o mundo tem q ser inculpado disto? 
Outro problema muito urgente a propor ao Pan é o problema das osgas e baratas. 
Se as osgas querem entrar em minha casa, devo considera-las selvagens, e portanto intocáveis? Ou intrusas, e portanto, matá-las? E pulgas? São consideradas selvagens ou domesticas? Sim, eu sei; o seu habitat natural seria, por exemplo, se eu deixasse, o meu colchão. Devo portanto dormir no chão, para não perturbar os animais?
Não consigo dormir com tanta incerteza. 
Por vezes excedo-me, confesso. Mas insultar uma barata será traumatizante para o animal? 
Sou uma pessoa sem estudos, mas habitualmente de bom instinto e peço desculpa. 
É isso - acho que vou ter de perguntar ao Sr deputado dos animais. 
Mº obrigado, desculpem incomodar e podem estar certos q votarei na tal Dª Gonzaga que me recomendam, em nome das cadelas, gatos, pulgas, baratas e osgas e assim... de todo o mundo! 
Obrigado e um muito bem hajam!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

a a(tracção) animal

O pan está preocupado com os problemas do animal fora do seu "habitat".
Pessoalmente até sou Belenenses e duvido muito que o clube passe a fazer exibições de golfinhos no Restelo antes dos jogos. Ficava complicado. 
Mas sou muito solidário com o sofrimento diário das águias todas do meu país.
Estou chocado. 
As famílias portuguesas estão endividadas e os passeios cheios de sem abrigos q se alinham na noite, frente aos carros de sopa, com fome. 
Os comerciantes fecham as lojas em desespero sem saber como sobreviver.
As pensões de miséria obrigam a racionar medicamentos. Temos as pensões mais baixas da Europa.
A corrupção aumenta e as reformas faraónicas de Jardim e Salgados não o incomodam. 

Os nossos filhos e netos voltam a ter de emigrar.
Mas a 1ª preocupação do sr pan é o habitat dos animais.
O Sr pan está cheio de razão. 

Eu, por exemplo, sou um animal absolutamente fora do seu habitat natural. Encolhido, triste e desajustado por um pais q me me constrange e limita na minha criação e entendimento. É uma injustiça. Porque tb eu queria voar alto.
Mas nenhum de nós humanos vive no seu habitat ! (excepto talvez algumas tribos aborígenes ou outras perdidas no mais ignoto Amazonas). Se esse habitat não tivesse evoluído, estaríamos nus. Sem horizontes, viveríamos de caça e pesca e morreríamos de velhice aos 35 anos, em media.
Não usaríamos fatos. nesse habitat não seria preciso. Julgaríamos os trovoes ainda como expressão dos deuses e demónios. Mataríamos como forma natural de resolver nossas disputas. Não escreveríamos pois o papel não teria sido inventado; e emitiríamos ainda apenas sons guturais.
Já usaríamos talvez os animais para tracção, mas parece q tb isso o imbecil senhor discordaria.
Não haveria anestesias, cirurgias, antibióticos, internet, livros, nem cimento nem televisão e o serviço de correios e noticias ainda seria feito por búzios soprados e sinais de fumo.
O sr pan está cheio de razão. Não, de facto, o meu habitat não é este. Sou muito mais moderno. Talvez sec XVI... Sim é isso. Sou um homem de 1500 mal adaptado ao tempos hodiernos.
Por isso, socorro. Quero um pan qualquer q me proteja. Sou um pássaro à solta q todos os dias - pela tanta parvoíce humana que o rodeia, - tb ele se sente impedido de voar.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Os nossos avós estavam loucos


As carnes o quê??! As velhas artes da salmoura q o meu avô Manel comia da salgadeira?? Os tenros toicinhos? (ou docemente femininas - amenizando talvez o pecado da gordura como dizia minha avó Dª Emilia Pedro -"as toicinhas"?!!) 
E então as alheiras do grande nordeste, os paios de Barrancos, as paiolas, os chouriços, os salpicões?? Os nossos imponentes presuntos de Chaves e Lamego?? Tudo maligno??!
Até os inocentes cachorros que me aconchegaram as madrugadas de andarilho por esse país fora, comidos em caravanas clandestinas, no fim das celebrações da festa, numa vinda do trabalho e a meio da viagem plena de episódios e cansaços??. 
Tudo isso mata?? tudo isso faz cancro?? tudo isso deve ser banido da nossa comida?? 
Frutas, legumes e cereais, ok, já sabemos, são a base de uma alimentação saudável. A dieta mediterrânica, classificada como Património Cultural e Imaterial da Humanidade, é a resposta tímida da nossa Direcção Geral de Saúde e dos nutricionistas ao alerta feito pela OMS de que as carnes processadas e as carnes vermelhas são potencialmente cancerígenas
Ora bem, ok, mas isso chega??
Estará a haver bom senso nisto tudo? Assim se muda a matriz de vida de milhões que, quantas vezes, duraram ate aos noventa anos sem acidentes??? Carne de fumeiro faz mesmo cancro? Estarão tais senhores assim tão seguros de q o fumo lento do velho azinho nos mata??
Assim se assustam tantos que, muitas vezes, quanto mais toucinhos paios e carnes de salgadeira comeram... mais duraram?? Estou a pensar nos meus alentejanos sogros, que nunca comeram outras coisas alem de sopas, pão, porco e caça própria e os tais petiscos de "inferno"... e duraram ambos quase até aos cem anos?? 
Não estaremos a cair no erro da sardinha q já foi "raimosa" e agora é de colesterol mº recomendado? No salmão q já foi gordo e contra-indicado e "excesso" q agora deu em cápsulas de saúde pq faz imenso bem?? 
O peixe cru q já foi óptimo e saudável e agora provoca a morte em 15 dias? Não será esta uma diabolização provisória, feita por gente q gosta de frango de prateleira, ou está feita com os magnatas da Kentucky Fried Chicken??
Ah e nosso querido e secular fiel amigo, o tal produto com mil uma maneiras de o cozinharmos na culinária nacional?? Devemos tb entender o bacalhau - por ser salgado e processado - como outra evidência negativa e erro alimentar?? 
Abandonar milénios de habito alimentar por serem tão maus, tão maus q ficaram iguais ao próprio tabaco!?? 
O vinho caseiro o nosso Pias o Favaios sei lá todos, a curar nas pipas de carvalho terão de passar a amadurecer em cubas de aço inox para melhorar o sabor e fazer bem à pele??
Todas as conservas e enchidos são maus e fazem cancro? O estaladiço bacon dos pequenos almoços à inglesa?? Engordar... acredito, mas ao passar pela canalização deixa assim tão declaradamente a semente do mal??!
Bom, o inefável bucho, bom esse ainda acredito, é pesado, mas as morcelas, as farinheiras, as mouras, os "boudin", todas as maravilhosas wurst's da germânica tradição??? As enguias da Murtosa? Os fiambres, os arenques e o salmão fumado, o atum de barrica de q tenho tantas saudades?
E as farfalhudas dobradas, já agora, sendo boi...- são carnes brancas ou vermelhas??
Sim já sei o q temos todos de comer para sermos belos, jovens, eternos e saudáveis: - peito d frango - e sem pele. Tudo sem sal. Agua morna para fazer a digestão. Salada, fome e sofrimento. 
Já me basta a irritação de viver e as chatices do dia a dia, o cavaco q os parta e os novos ministros e esta gente toda. 
Dêem-me paz, por favor. Já sei que o peixe tem mercúrio, os legumes estão todos transgénicos e ate os azeites, muitos, andam aldrabados. Os meus então, nem se fala.
Ah e o churrasco tb nao se pode - pois há pouco tempo descobriram q o carvão provoca não sei tb cancerígeno q nos mata ao comermos produtos grelhados!!. 
Os cozidos, por outro lado, retiram a maior parte das vitaminas e proteínas dos produtos sujeitos à cozedura. cenouras cruas meus amigos. Mas lá está. Provêm de sementes geneticamente modificadas. Portanto tb não.
E os bivalves são tóxicos por haver algas malignas que estragaram as marés. O amor é fodido? não. O comer é q está a ficar lixado, desculpa lá oh MEC. 
Carnes vermelhas nem pensar. sim, está visto. Salsichas matam-nos.
O porco é porco - somos todos judeus - ha q repudiá-lo!!. O milho híbrido é adubado com ureia azul. Os pepinos, os tomates, os pimentos, as couves... tudo se formos a ver... ou é filho ou neto de sementes manipuladas!
Mas então OMS por favor, chiça,
digam-me lá q raio vou comer???

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

o botas não morreu, afinal...

Indigitar PPC admito. 
Ganhou sem maioria, mas teve o partido mais votado. Sabe-se que será um vencedor pré-derrotado mas enfim, era muito expectável.
Mas as considerações putativamente justificativas deixaram o país atordoado.
Como se permite um "presidente de todos os portugueses" determinar q há partidos na AR q são fiáveis e outros não? 
Que as negociações da PAF só podem ser com quem ele determina? 
Que há deputados de 1ª - pois são europeístas, e outros de 2ª por não o serem? 
Que é preferível o seu partido in-governar sozinho, a duodécimos até ver - e cair qd calhar... - a empossar um acordo maioritário, por desconfiar da seriedade dos outros?
Compete-lhe ser ele por acaso, a escolher neste post eleições quem se arruma com quem?
A constituição manda q faça escolhas após ouvir todos os partidos com representação parlamentar. É o q diz. Eu não votei em nenhum dos partidos envolvidos, juro, mas obviamente estou indignado com esta peça de pexisbeque mental com q nos brindou ontem. Ensandeceu?
Como pode ignorar q assim acontece em toda a Europa democrática?


Como pode achar q aqui não pode acontecer nem haver acertos e acordos após as eleições, como há em todo o mundo democrático - só por uma questão de "tradição"?
Por tradição, bom... ele não existiria - ainda seriamos Monarquia. E ainda não teríamos nem Democracia nem Liberdade. Nem voto. Haja respeito.
Como podem ser os mercados estrangeiros a obrigar-nos a escolher partidos pela cor do dinheiro e não acatando o voto nacional das pessoas?
Como se pode olhar ao espelho e achar-se coerente, ele q destruiu as pescas e agora as recomenda?
Como pode ser sério se recomendou a sanidade bancaria q sabia não existir?
Como tem cara para dizer q o voto de 60% dos eleitores não conta porque não gosta das suas escolhas?
Em que cartilha constitucional anda a soletrar? a de Salazar?

domingo, 4 de outubro de 2015

chicote, por favor... mas muito forte!

Eles não sabem, nem merecem o sonho que lhes foi oferecido diante dos olhos!!! 
Tanta gente de uma forma ou outra, sonhou generosamente ajudar a refundar a Democracia, limpar a Politica e a reequilibrar Portugal. 
E eles recusaram, por amor aos seus próprios carrascos!!! 
Apetece fugir e é caso para dizer que ... Assim não "podemos"!!... Nunca poderemos!
Vá lá governar-se tal gente! 
Júlio César cheio de razão - na Lusitânia habita um povo realmente muito estranho - e há 2000 anos, já ele sabia!...
Agora, verdugos e chicotes, vergastai reformas, enforcai o serviço nacional de saúde, soltem o Espírito santo e gritem hossanas e aleluias pela sacrossanta vitoria!...
Ao passar a procissão dos senhores...que "salvaram a pátria", agora, ajoelhem-se e implorem pão.
Eu ajudo quem quiser a adquirir a nacionalidade turca, norueguesa, talvez suíça ou mesmo mali.
Estou zangado. Estou muito zangado.
Quando toca a politica o povo prefere mesmo é o "apita o comboio" e os incompetentes de sempre a reger a banda!
I rest my case. 

Venha o sofrimento que o povo gosta!

domingo, 23 de agosto de 2015

O professor Marcelo

Acho uma certa graça aos comentadores que, entre outras coisas, ultimamente, se alçam em profetas e apostadores de sondagens, metidos a uma espécie de "professor Caramba".
O inefável Marcelo, sempre respeitosamente tratado de "professor" inventou agora uma forma de prognóstico politico em q anuncia o resultado distrito por distrito. Aqui serão 2 a 2 ali 4 a 1 etc etc. 
E quem são os protagonistas? Quem são os clubes de tal jogo já decidido? OS MESMOS DE SEMPRE! 
- Isto é:- nem sequer se admitem cálculos sobre mais ninguém; os "outros" são matéria para ignorar, desprezar e passar à frente. Sobranceria em estado puro.
O povo português sob o pretexto do voto útil e o espectro do empate técnico iminente vai de novo cair no logro da rotatividade que não nos leva a lado nenhum?!
40 anos a governar alternadamente mal não provam ainda q tem de haver alternativas? Isto não é mais q um jogo de futebol? Sem arbitro sequer?
Em Santarém ele acaba hoje de decidir com a costumaz ligeireza vestida de autoridade, que o resultado final será sempre 4 a 4 e pronto.
Apetece lembrar q os q têm ficado em casa - na ordem dos 30%...- ainda são, se calhar, o maior partido distrital. E podem decidir mobilizar-se e votar! E tb que não há apenas essas 2 forças de sempre em disputa!
Eu morro de pasmo, por vezes, com este tipo de quase cumplicidade, este repartir de importâncias em regime de exclusividade! Fazer isto a um país como se tudo fosse futebol e isto não fosse mais que uma brincadeira sem consequências!?
Será algum Tratado de Tordesilhas, new look? Será um casamento?
"Isto fica para ti; aquilo para mim e somos todos felizes por muitos anos!"?
DIA 4 de OUTUBRO não fique em casa, por favor! - mas também não vote nos mesmos de sempre. Pense no país e pense na sua região. Conheça os candidatos, julgue em consciência. Sinta-se representado e não ignorado.
Ainda há gente séria a querer ocupar cadeiras muito mais merecidamente em S Bento que aqueles q há demasiado tempo nos cansaram e enredaram no escândalo e na pobreza para 2 gerações!
Varridela urgente desta mentalidade e desta gente. Precisa-se!

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

planeta Saturno

Fantástico desporto.Descobri.
Ando há 3 meses a tentar pagar a perigosa divida de 1,40€ por ter entrado na via do Infante - A22 - entre Lagos e Portimão! 
Inadvertidamente, sim, sou culpado, não reparei q tinha ido num dos carros sem via verde. Como estou habituado a usa-la noutro, falhou. Era fácil resolver, pensava eu. 
Mentira. 
Lá tentei pagar uns dias depois nos CTT em Lagos. Coisa rápida, pensei eu.
Mentira. 
Haviam passado 8 ou 10 dias - já não podia... Hoje decidi tentar resolver na Loja do cidadão da Vª Nª da Barquinha, mas como não há guichet de via verde, aconselharam-me ir às Finanças q lá resolveria. Fui. 
Mentira. 
Ainda não consta nenhuma divida do maldito 45 51 NU!... Telefonei para a Via Verde. Quero pagar, por favor
Mentira. 
Como são assuntos da A22 teria de telefonar para a Via Livre. Telefonei. Mais uns euros em 707's... Pedi educada e encarecidamente para pagar. 
Mentira. 
Não posso. Só daqui a uns meses - não sabem dizer quantos...!- será enviada uma notificação para a morada, acrescida de uns 2€ ao q parece, dizia - ela própria comprometida...- a funcionaria encabulada por tão kafkiana fraude empresarial. 2€!... 
Mentira. 
Garantem-me amigos q miseros cêntimos com o acumular dos tempos, viram centenas de euros propositadamente.
Verdade.
Aí ja poderei pagar, ainda não percebi bem como nem onde. 
Mas talvez ir de novo aos CTT, Loja do cidadão ou Finanças Via verde planeta Marte talvez Neptuno etc... 
Mentira!
Ao q parece, aí já são céleres e eficientes e mandam código e entidade para pagamento MB
eficácia benfazeja!
Fantástico!
Assim se governa este país de absurdos simplex!!!!!!!

sábado, 1 de agosto de 2015

Anuncio

Urgente. Como grande amante de Pintura - compram-se Brueghel's (o velho ou o novo) mesmo de origens estradivárias difusas confusas e pouco transparentes. Não se exige recibo pois tb não se declararia tal aquisição e não se confia muito no vendedor. Preços de oferta baixos devido à origem incerta, autoria incerta e razão incerta da venda. Resposta à Penitenciaria de S Paulo, Brasil, posta restante. Possível permuta com actual alojamento.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Sugestões para uma gestão cultural mais firme mais sensível e mais atenta deste país


ABC para uma gestão cultural mais firme mais sensível e mais atenta deste país

a) Promoção e reforço geral da componente de ensino artístico nos programas de ensino base e com criação de novos pólos especializados. Algumas disciplinas artísticas carecem de uma detecção de vocações atempada, com canalização específica de talentos para que se obtenha a eficácia pretendida

b) Regulamentação, fomento e actualização urgente de bolsas nos domínios de investigação, cientificas e nas artes, reforçando as dos bolseiros que sobrevivem com dificuldades fora do país 

c) Recuperação urgente do Conservatório Nacional e auxílio financeiro para criação de novos espaços (municipais) onde tal se justifique, além do auxílio aos Conservatórios regionais

d) Iniciação às artes performativas nas escolas, com integração nos programas do ensino básico. O ensino do teatro, dança, artes circenses, musica, canto, etc. deve integrar a componente pedagógica geral.

e) Apoio ao galerismo municipal, com iniciação estética e iniciativa cultural regional relacionada, com reforço significativo das verbas a tal fim destinadas. As visitas de escolas à sua Galeria de arte municipal e a criação de exposições escolares temáticas devem tornar-se prática normal e frequente para desenvolvimento do gosto e exercício crítico e evolutivo do sentido estético

f) Apoio financeiro ao desporto regional, com subsídios para scouting, estágios e bolsas de aperfeiçoamento a todos os jovens que nas várias modalidades desportivas revelem talento significativo - devendo neste aspecto ser reforçado o ecletismo desportivo com apoio de vocações a áreas diversificadas e não limitadas aos desportos maioritários.

g) Apoio aos artistas e desportistas em fim de carreira com bolsas de utilidade publica que permitam um fim de vida honroso, sempre que comprovadamente necessário

h) Inventariação e requalificação de Auditórios e velhos Teatros, Casas do Povo, Sociedades recreativas extintas ou outros espaços culturais abandonados ou sub aproveitados. Portugal tem centenas de espaços surpreendentes deste tipo, em estado de ruina avançada ou total.

i) Urgente e forte monitorização de todo o património natural e histórico de interesse nacional ou regional para relançamento e subsidio de recuperações e requalificação. Há demasiados edifícios históricos por classificar e por vezes, pequenas referências regionais representam identidade estética e cultural local: - moinhos, fornos de cal, açudes, bosques, ecossistemas, ruinas por explorar, casas, palacetes, quintas e adegas de referência, minas abandonadas, grutas, etc. etc.

l) Aproveitamento das estações de Caminhos-de-ferro abandonadas e conversão em espaços culturais, sedes de Colectividades significativas e merecedoras, Pequenos Museus regionais etc.

m) Vigilância de “play list” democráticas - e não comandadas por lóbis editoriais ou outros - na Radio e Televisão públicas e zelo pelo cumprimento integral da lei da passagem de música portuguesa tanto na RTP como nas estações privadas 

n) Apoio fiscal aos direitos de autor e respectiva Sociedade Portuguesa de Autores e GDA (direitos dos artistas). Os autores são o motor e o veículo activo da Cultura nacional no espaço e no tempo

o) Promoção da leitura, com contadores de histórias, leitura de poesia, de lendas e recriações históricas; criação de eventos literários, estimulo aos prémios florais locais, subsidio das autarquias a episódios espontâneos em espaços públicos, cafés, esplanadas de verão etc.

p) Criação de uma Comissão de Ética e Qualidade para o áudio visual, com funções consultivas e formativas. Deverá actuar na estrutura - aconselhando e advertindo sempre que necessário. Esta CEQ e as Provedorias do ouvinte devem em conjunto ambas configurar uma espécie de “livro de sugestões e reclamações” interveniente e activo face, por vezes, às más opções da RTV pública.

q) Apoio à iniciativa empresarial relacionada com actividades que são simultaneamente culturais e de potencial atracção como o Turismo equestre, o Eno-turismo, a Gastronomia Tradicional, etc.

r) Apoio incondicional às Tunas e Bandas filarmónicas que são na sua grande parte, ainda hoje, o alfobre e as verdadeiras Escolas de musica onde se iniciam quantas vezes futuros músicos de Orquestra

s) Exploração apoio e regulação de actividades relacionadas com a montanha e o interior paisagístico na sua dimensão desportiva e turística (rotas dos castelos, turismo de natureza, montanhismo, desportos de neve, ultramaratonas, etc.)

t) Apoio as actividades relacionadas com os recursos hídricos (canoagem, rafting, pesca desportiva, motonáutica, triatlos, etc.) como forma de promoção desenvolvimento e atracção turística

u) Motivação, empenho, exploração, criação e apoio de iniciativas relacionadas com o mar. A formação profissional, a museologia própria, concursos de pesca, observação de aves, festivais alternativos, concursos temáticos, construção na areia, rotas litorais, etc. podem constituir alternativas culturais com público próprio se devidamente exploradas.

v) A História portuguesa está repleta de episódios e de protagonistas que nunca passaram dos compêndios. Há que potenciar pelo Teatro, Cinema, Televisão, Literatura, etc todas as iniciativas q permitam o reconhecimento e divulgação dos nossos maiores através de biografias, filmes, celebrações várias. Obras que recoloquem essa história no patamar de circulação e que promovam autoestima e mais publico conhecimento de tais pessoas e feitos.

x) Deve haver bolsas aos autores fecundos e sérios que, através da sua reconhecida e continuada obra, promovam e divulguem a cultura nacional. Escultores, coreógrafos, músicos, pintores, escritores, compositores, divulgadores culturais, etc. todos deveriam poder contar com o interesse acompanhamento e subsídio de Estado, através de apoios e estimulo à sua produção.

z) A cultura é uma forma de estudar e integrar o passado, relatar e confirmar o presente e projectar e garantir o futuro de um Povo. Não deve ser entendida nunca como um parente pobre da representatividade nacional, mas sim uma embaixadora, - quantas vezes determinante - da qualidade e da matriz de um país na admiração do mundo e do seu reconhecimento.



Assim os governantes por vezes o entendessem devidamente.

                                                                                              Pedro Barroso



terça-feira, 21 de julho de 2015

a fábrica de listas

Foi há uns 15 anos já, suponho eu. 
No meu alpendre assisti em show privado, ao mais assustador espectáculo interno de como se fabricam listas num grande partido. 
Recolhidos e albergados em minha casa após dia insano de contactos, um amigo meu e sua parceira - sim, assumo, um amigo porque eu acredito nas pessoas primeiro, sem cor de camisola obrigatória...- pediu guarida na velha Quinta da Raposa e por lá pernoitou, no quarto do alpendre. 
Andava a tratar das listas. Era um destacado dirigente. Respeito.
Mas deitar estava difícil. Agarrado ao tm o homem desdobrava-se em contactos estranhos. E eu sentadinho na cadeira, ouvia aquilo tudo boquiaberto, apesar de ele, por vezes, se afastar, cauteloso, para baixo de alguma laranjeira mais afastada... perdendo-se no escuro.
O diálogo era do género: trocava o 12 do Porto pelo 5º em Braga; e esse que estava previsto em Braga iria para Vila Real, pois casara com uma professora de lá; e o 7º de Viseu não tinha hipóteses portanto era melhor ir para nº 2 em Portalegre. Não tinha ninguém em Portalegre? Bom arranjava-se um tio, talvez uma avó, sei lá! O 2º de Faro era uma besta-quadrada mas a Comissão politica Nacional ou lá o q era, exigia que o gajo entrasse!... De modos que o que era para ser nº 2 ia para 8º no Porto e tambem era eleito de certeza e ninguém se ia chatear. O homem não conhecia ninguém no Porto? Ia como funcionário do Partido na delegação Norte, e pronto... 
Não dizia nomes - só números. Uma trapalhada monumental - As cunhas dos colunáveis apareciam e o "amigo" desesperava com aquilo. Palavrões, suor, papel rasgado, mais telefonemas, mº desespero... 
A coisa continuou assim ate as 3 da manhã. Eu, assustadíssimo, desisti de compreender. Fui-me deitar. Mas ao q parece é assim q funciona o mérito e a distribuição de lugares nos grandes partidos no arco do poder.
Os presidentes das hierarquias, os soberanos das cúpulas, os interesses ocultos, o arranjismo dos tachos para os submissos das sombras. "Pequenos deuses caseiros" como escreveu Gedeão... Uma caldeirada de egos, todos muito importantes...
Na manhã do dia seguinte suspirei com alívio ao ver que, talvez comprometidos pelo espectáculo confuso, prolixo e deprimente da véspera, haviam partido, discretos, deixando uma breve nota de agradecimento. E até hoje...sinceramente, nunca mais os vi. 
Perdi, portanto, ao que parece, um grande e influente amigo. Ainda bem. 
Se era aquele, no fundo, o papel dele na vida e aquela a sua ideia de politica... Descobri que eu, pelo menos, estava nos antípodas de tal malabarismo e de tal forma de ser "arranjativo".
E de certo modo, na tal manhã seguinte fiquei mais aliviado por nunca ter integrado um circo de favores tão básico, tão triste e tão deprimente.
Ser sério tem muitas desvantagens, está visto; vive-se noutra semântica; outro planeta. 
Mas dorme-se muito melhor com a nossa consciência.

sábado, 18 de julho de 2015

O Gladiador de palavras

Eu tinha um sonho: - unidade !
...Mas com mil novas opções
(algumas decalcadinhas
dos partidos dos barões…)
já não sei; fico cismado
fica o sonho avariado…
Algumas clivagens puras
sem mais causas ou razões
que uma caldeirada de egos
com tamanhas poporções…
-Sou mais à esquerda que tu!
-Eu é que sou corajoso!
-Eu sou livre, tu não és!
-Eu só quero é ser famoso…
...
Outros exigem as coisas
com assuntos separados
criando um partido só
para assuntos dos reformados;
outros só para os animais
- que bem precisam, coitados...
(Temos tantos no poder
incompetentes, vorazes
tão doentes sem saber!...)

Acho tendências a mais
para falar sinceramente
assim, tantos… não “podemos”
-tal como nossos vizinhos
sem aprender essa ideia -
Não "podemos" ir em frente.
Assim, desalmadamente,
nem Abril nem Patuleia...

Dá-me vontade de ser
Mais do que um potenciador…
De intervir, avançar
Ir pr’à luta, cavalgar
Tornar-me num gladiador!
Pois ando a desesperar
Com estes velhos artistas
- mal consigo respirar…
(Serei só eu a notar
Que é urgente mudar
Para outros protagonistas?!)

Troco cinco Vitalinos
Mais sete Lacões inteiros
Por gente nova, animada
De nome desconhecido
E princípios verdadeiros!
Levem o MAC e o Feio
Levem o Paulo das feiras
Levem o Ferro, o Coelho
40 anos tal gente
O país ficou doente
Teso, infeliz, deprimente…
Quero pessoas inteiras!
Gente pura, gente quente
Que dizendo aquilo que sente
Se deixe de brincadeiras
Para a gente seguir em frente
E duma forma abrangente
Depois de tantas asneiras
Tornar Portugal diferente
Deste vira recorrente
Repetido e deprimente
Este "vira" das cadeiras!

Em suma - vou arriscar
Vou prá luta, sigo em frente!
Nada a perder - vou para o mar…
Pouco conto, mas sou gente
Pior não sou, certamente
sigamos todos, sem medo
Gente de bem, gente gente
com coragem de avançar
Dizer verdades ao vento
Para o vento soltar bandeiras!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

puta!...

Amava muito a minha caneta. 
Qual? Sim eu sei q tenho muitas, mas aquela castanha grande e linda, a que ia sempre comigo, vcs sabem? Essa mesmo. 
Era uma belíssima e excelentíssima caneta. Mas onde ficou a minha caneta? Oh, Tenho saudades da minha caneta. 
Ah! Eras gorda e pesada sim...e escrevias um traço grosso e macio como veludo. 
Eu amava-te, minha caneta. Quando te agarrava com a mão sentia um prazer indescritível ao tacto; e ao traço que de mim ficava. Deleite puro. Relia-me rebolando de prazer. 
Onde andas, meu amor? Porque me abandonaste? 
Ou será q eu - cruel e injusto...- te deixei em algum lado, sem saber? Se o fiz, desculpa-me; sou um velho poeta, que vive noutro planeta por vezes; e passo ao lado das miudezas da vida. Largo pedaços de mim por todo o lado. Poesia, encanto, paixão, irreverencia, sei lá...
Sabes que ultimamente sempre te era fiel. Sabes q só escrevo preto no branco e com tinta permanente em canetas bonitas e de fina elegância, peso, trapio e traço imponente e fluido. 
Como poderia esquecer-te? Volta, minha cúmplice, e tão secreta confidente! Volta por favor... 
Sim, já sei que tenho mais 50 outras, aqui e ali, implorando pelo meu traço; tens razão, mas tu sabes bem que nos últimos tempos só te queria a ti. 
Volta por favor! Mesmo q tenhas provisoriamente tido uma aventura com um analfabeto, ou pior, até um defensor do AO. 
Volta, caneta minha, imponente, caríssima e majestosa. Meu lado nobiliárquico e vaidoso de mim, q nunca consegui contrariar. Relógios e canetas...sim... tu sabes; e eu julgava que me desculpavas por isso. Mas se calhar ofendias-te com essa pluralidade, não sei...
Porque te foste e me torturas assim? Meu traço lindíssimo e sem falhas. 
Como gostava de ti. Porque me deixas assim, nesta tristeza? 
Fazes-me falta. Custa-me tanto saber q andas por aí... sem Dono. 
Volta por favor. Regressa a mim. Tudo perdoado.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sim, Sr. Presidente


O homem bocejou, depois de almoço. Parecia alheio aos estudos e sondagens de popularidade.
Os assessores, preocupados, reuniam de urgência. Após tão publica e manifesta descrença e tão arrasadora percentagem nos jornais e televisão, impunha-se uma contra reacção urgente. Uma injecção rápida e eficaz de simpatia. Sim, era preciso fazer qualquer coisa.
O assessor 7, amaneirado e gesticulante, garantiu que o homem precisava era de um "re-styling urgente. Talvez um novo alfaiate, uma nova escolha de gravatas e peúgas. Talvez uma visita ao Eduardo Beauté. Parecia um manequim da Rua dos Fanqueiros, daquelas lojas antigas e escuras que ainda por lá resistem. Talvez ginásio, sauna, quem sabe?" - e calou-se arfando.
O assessor 8, insurgiu-se dizendo que, para polémica com alfaiates, já bem bastava a comenda do Infante atribuída ao da D Maria para ter arranjado sarilhos. E propôs uma decisão que agradasse a todos os cidadãos. Uma coisa altamente popular, consensual.
- Mas o quê ?, perguntavam-se todos. E entre-olhavam-se, derrotados de ideias, cabisbaixos. Tinham sido contratados por amizades pessoais, posição nas jotas e em agências ganhadoras e fabricadoras de êxitos. Gente bem paga, todos; mas pouco habituados ao insucesso e a ter de promover produtos estragados e sem graça.
O Assessor 21 lembrou os santos populares - que tal o Presidente ir a Alfama, muito descontraído comer sardinhas com o povo? O assessor 5 contestou de imediato, pois "tal descontracção nunca fizera parte da imagem presidencial e as experiências de comer em público sempre tinham corrido mal, desde o celebre bolo-rei que teimava em sair pelos cantos da boca e, além disso, o cheiro a sardinhas poderia incomodar a comitiva". E fez-se um silencio...
O assessor 4 interrompeu então - Umas férias nas Maldivas era uma coisa gira, sempre divertida e popular; dava um ar presidencial, moderno. Logo o assessor 23 deu um salto. Nem pensar! Para depois nos acusarem do mesmo q acusámos o outro, quando andou a cavalgar tartarugas gigantes? O país, de facto, estava em contenção - era uma manifestação de riqueza que ainda cairia pior.
- Um torneio de golfe de iniciativa presidencial, talvez? - Aventou o A25. Mas toda a gente sabe que o presidente não gosta de golfe, não acerta na bola, nem tem swing que se conheça, argumentou o A12, sempre contrariado. E seria uma iniciativa considerada elitista. Chato.
Irritado com tudo isto o A 13, - melómano furioso nas horas vagas da agência de imagem que o mantinha em out sourcing…- lançou a ideia de uma Nova Orquestra de patrocínio directo da presidência. Olharam todos de imediato para ele com um tal furor no olhar, que prontamente retirou a ideia, pois a Cultura, sabia-se, era uma área tabu na sensibilidade do Presidente. E o nome Nova a aplicar para a Orquestra também não soaria nada bem, depois do improvisado e apressado nome arranjado para o Banco Novo.
- Uma visita de Estado. Falou baixinho, sensato e sabedor. Era o mais avisado e mais velho assessor – o A 16 – que, como de costume, lançava a ideia. Todos espetaram as orelhas. Podia talvez ser. A18 entusiasmou-se e avançou logo:
- Sim, uma coisa grandiosa e de respeito. USA? Rússia? Inglaterra? Ir à Alemanha protestar a nossa velha história e heroísmo, para ver se nos aliviavam a carga fiscal? Os outros entreolhavam-se realistas. Quem iria querer receber o senhor assim de repente? Nah. E a coisa podia ser entendida como intromissão na política do Governo. - China? Lembrou o A19. Muito longe… Comem gatos e cães… a D Maria poderia intrometer-se e ser inconveniente…- disse A22.
- Talvez então a Índia? Visitar Goa, Damão e Diu, para apaziguar as feridas? Alvitrou o A20. Pois isso era genial mas…Seria polémico. O “outro” já lá tinha andado a passear de elefante! Lembrou o A15, sempre profundo conhecedor dos assuntos do Oriente.
Resultado. O melhor que se achou foi a Bulgária. E a Roménia. Agora, havia que convencer o Presidente da forte e urgente importância de visitar estes países, talvez no contexto da crise Grega. Enquadra-la como acção de Estado num âmbito mais vasto de fraternidade comunitária, como polarizador de uma amizade antiga. Claro que “se teriam de lembrar de estudar melhor tal amizade histórica, pois não havia alianças conhecidas, nem número de emigrantes significativo. Nem grande oferta empresarial, ao que parece. Uma bulgaridade…” Lembrou, sempre irónico, o Assessor 6, que estava sem falar há duas horas.
- Valia mais estar calado, sinceramente. Disse o A21. – OK, Bom quem vai falar com o homem? Escapou-lhe a protocolar incorrecção, no que foi de imediato admoestado pelo A27.
- Eu vou. Ficaram todos a admirar a coragem do A18. Sempre ele. E lá foi. Corajoso.
A capacidade argumentativa do colaborador era reconhecida entre todos. A função não poderia ficar melhor entregue. E foi.
- Bulgária? Ainda protestou o Sr. Presidente, vagamente incomodado com tão estranha terra e sua indecifrável língua. 
Repare Sr. Presidente que a nossa ligação é de longo alcance e de muito peso. Argumentou o A18.
- Serio? Você acha mesmo?! De peso?!– Ainda tentou ripostar…
- Claro que é sr Presidente. Repare só que o actual recordista nacional do peso não é mais que um gigante búlgaro que se naturalizou português… quer uma justificação com mais peso que isto? Olhe que o homem é português mas chama-se Tsanko Arnaudov!
- Oh… não me diga, nesse caso vou falar com a Maria, mas acho que é urgente ir à Bulgária agradecer, e você, concorda?
- Sim com certeza, óptima ideia, Sr. Presidente. Excelente escolha.
Saiu esfregando as mãos. Sempre queria ver as sondagens daqui a umas semanas, depois de visita tão importante, tão histórica, tão arrojada e tão destemida. E tão apropriada no quadro da crise do Euro, da problemática ecológica e do peso da ameaça do Islamismo radical; e sobretudo da ameaça de degelo das calotes polares. Grande jogada politica.

Um acto de coragem invulgar, é o que é. Vão lá agora desmentir! Sondagens garantidas.