Um Natal sem Deus.
Meteu ferias há muito tempo.
Deixou-nos aqui com a incumbência de continuar a festa e fingir acreditar.
E nós lá readaptámos o cenário ao nosso gosto.
...e ao longo dos séculos fomos alterando aqui e ali.
Fazendo um Natal pagão, imenso, com madeiros ardendo, do tamanho de praças inteiras. Renas estranhas, trenós nórdicos, presépios robot, árvores plásticas e neve sintética.
Aldeias fervendo seus cozidos e morcelas, baixinho, em fogo brando, em panelas de ferro.
Velhas tias cozinhando há 3 dias reclusas na cozinha, fabricando excessos absolutos de empanzinanço e conforto da goela.
Rabanadas c açúcar e canela. Polvo macio, bacalhau lascudo, peru recheado de tudo o q é bom. Lampreias de ovos, bolos reis cheios de missas do galo; e presentes cheios de cuscurões e bebedeiras. Papel rasgado, laçarotes. Leitão e prendas vermelhas a luzir.
Insultos de família, velhas tensões privadas; tudo regado a bom vinho do porto ou, enfim, o melhor q se conseguiu. O problema das heranças esquecidas. Gente feliz com lágrimas.
Deus ausente. Rei comercio em horas extraordinárias de bondade, cheirando a consumo e a bolos. Ainda bem q "Ele" não vê estas coisas. Ou vê mas já nem liga.
O Natal vive hoje como pagão absoluto - gula em estado puro. Compra e venda de emoções.
Tudo pecado. Oremos.
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