Amava muito a minha caneta.
Qual? Sim eu sei q tenho muitas, mas aquela castanha grande e linda, a que ia sempre comigo, vcs sabem? Essa mesmo.
Era uma belíssima e excelentíssima caneta. Mas onde ficou a minha caneta? Oh, Tenho saudades da minha caneta.
Ah! Eras gorda e pesada sim...e escrevias um traço grosso e macio como veludo.
Eu amava-te, minha caneta. Quando te agarrava com a mão sentia um prazer indescritível ao tacto; e ao traço que de mim ficava. Deleite puro. Relia-me rebolando de prazer.
Onde andas, meu amor? Porque me abandonaste?
Ou será q eu - cruel e injusto...- te deixei em algum lado, sem saber? Se o fiz, desculpa-me; sou um velho poeta, que vive noutro planeta por vezes; e passo ao lado das miudezas da vida. Largo pedaços de mim por todo o lado. Poesia, encanto, paixão, irreverencia, sei lá...
Sabes que ultimamente sempre te era fiel. Sabes q só escrevo preto no branco e com tinta permanente em canetas bonitas e de fina elegância, peso, trapio e traço imponente e fluido.
Como poderia esquecer-te? Volta, minha cúmplice, e tão secreta confidente! Volta por favor...
Sim, já sei que tenho mais 50 outras, aqui e ali, implorando pelo meu traço; tens razão, mas tu sabes bem que nos últimos tempos só te queria a ti.
Volta por favor! Mesmo q tenhas provisoriamente tido uma aventura com um analfabeto, ou pior, até um defensor do AO.
Volta, caneta minha, imponente, caríssima e majestosa. Meu lado nobiliárquico e vaidoso de mim, q nunca consegui contrariar. Relógios e canetas...sim... tu sabes; e eu julgava que me desculpavas por isso. Mas se calhar ofendias-te com essa pluralidade, não sei...
Porque te foste e me torturas assim? Meu traço lindíssimo e sem falhas.
Como gostava de ti. Porque me deixas assim, nesta tristeza?
Fazes-me falta. Custa-me tanto saber q andas por aí... sem Dono.
Volta por favor. Regressa a mim. Tudo perdoado.
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