Em Abril me revi e despertei.
Em ABRIL fervi a esperança da liberdade e ouvi o fragor dum povo encarcerado no silêncio, quebrando algemas nas cara dos algozes
Em Abril adormeci nas estrelas. E hoje desperto em desapontamento, raiva e tristeza de incumprimento e desespero. E as estrelas desse céu morreram.
Hoje, em Abril me revejo ainda; mas hoje é nele que mais lamento tudo que não fui e já não posso ser
No país que esta gente feia me roubou e desviou de mim. E em tudo o que, tais não habilitados protagonistas, em mim destruíram; sem direito, nem saber, nem moral sequer para gritar teu nome.
A tal liberdade deixou de passar por aqui. Não existe "Liberdade" na pobreza. Nem alegria.
Talvez seja então, esta a hora e o lugar para celebrar um outro qualquer Abril - de Maios ou Outubros feito, pouco importa.
Filhos desempregados, exilados, uma neta emigrada com 2 meses para a Austrália. Desconfiança e roubo descarado nas reformas e velhice?
Fui isto que sonhei? NÃO.
Vivo hoje um país sem preito pela Cultura, nem prestigio, nem respeito internacional, um país devedor cronico, com gestores incapazes truões infelizes de opereta buffa.
Corrupção patente em cargos que haveriam de estar acima de toda a suspeita sequer! E compadrios, nepotismos instalados, uma máfia oculta de negócios sujos, pardos, lamacentos; uma teia de carência, incompetência politica e indigência mental em altos cargos da Nação.
Quem ainda ama este país? Quem pode? Quem ainda resiste por pundonor e amor pátrio a tanta imbecilidade e extragação negativa?
Sim, eu ainda sou português, assumo; mas sinto-me mal por ser portador dessa doença.
A última das mais ignaras agências de rating mundiais - o que quer que isso seja ...- insulta-nos como lixo. Nós - que chegamos à Índia por mar, sem Canal Suez, no tempo de Gama! Nós que mostramos a 1ª espingarda ao Japão, nós que viajamos o Mundo e temos uma língua falada em todos os continentes! Lixo e opróbrio de nós mesmos, ausentes de família, sem horizontes nem dinheiro, falhos de emprego e de futuro. As ruas de seu nome "vende-se e trespassa-se" a cada esquina. A miséria patente. A desistência.
Como resistir de porta aberta a uma politica fiscal insultuosa, autista, indigna, imbecil, esquizofrenica e impossível? Como resistir? Sim, como sobreviver ? Como pagar a renda? Como arranjar emprego? Como não sentir o roto dos sapatos e o espectro da fome?
Sim, - pensam hoje tantos portugueses seniores - como por comida em cima da mesa aos meus filhos e netos? - todos desempregados, perplexos e tristes? Revoltados, como nós, ante o espectáculo obsceno dos biliões de falcatruas, derrapagens orçamentais e desmandos bancários de uma escumalha sem nome?
Porque são sempre tantos os tão grandes, tão donos de tudo e tão impunes?
Porque temos outra vez de emigrar de nós? Porque foge a massa cinzenta; porque se afoga a cultura? porque somos tão disciplinadamente cumpridores de impossíveis e humilhantes intervenções económicas e politicas tão estranhas ao nosso entendimento?
Onde pára Abril?
Aquele outro que vivi, tentei esculpir e acreditar com a alma, a justiça, a voz e os dedos?
Olho-me e tenho vergonha de tudo que acreditei. Ou se calhar orgulho.
E acredito que esteja iminente um próximo agitar de marés. Um tsunami de orgulho ferido e de justiça. Um repor de dignidades e honras ofendidas.
Digam-me onde: - data e hora - e eu levo a minha voz. Outro valor maior não sei acrescentar.
E a vergonha ferida que já sinto todos os dias. essa também levo.
É fácil. Vive comigo por culpas que afinal não tenho.
"Olho-me e tenho vergonha de tudo que acreditei. Ou se calhar orgulho."
ResponderExcluirRoubei-te esta tua frase e na qual me revejo por inteiro. O que valemos hoje...nada! Somos um povo sem eira nem beira, porque os timoneiros desta nau, não sabem qual a rota a seguir......navegam ao sabor do vento que lhes aprouver!