ABC para uma gestão cultural mais firme mais
sensível e mais atenta deste país
a) Promoção e reforço geral da componente de ensino artístico nos
programas de ensino base e com criação de novos pólos especializados.
Algumas disciplinas artísticas carecem de uma detecção de vocações atempada, com
canalização específica de talentos para que se obtenha a eficácia pretendida
b) Regulamentação, fomento e actualização urgente de bolsas
nos domínios de investigação, cientificas e nas artes, reforçando as
dos bolseiros que sobrevivem com dificuldades fora do país
c) Recuperação urgente do Conservatório Nacional e auxílio
financeiro para criação de novos espaços (municipais) onde tal se justifique,
além do auxílio aos Conservatórios regionais
d) Iniciação às artes performativas nas escolas, com integração nos
programas do ensino básico. O ensino do teatro, dança, artes circenses,
musica, canto, etc. deve integrar a componente pedagógica geral.
e) Apoio ao galerismo municipal, com iniciação estética e
iniciativa cultural regional relacionada, com reforço significativo das verbas
a tal fim destinadas. As visitas de escolas à sua Galeria de arte municipal e a
criação de exposições escolares temáticas devem tornar-se prática normal e frequente
para desenvolvimento do gosto e exercício crítico e evolutivo do sentido
estético
f) Apoio financeiro ao desporto regional,
com subsídios para scouting, estágios e bolsas
de aperfeiçoamento a todos os jovens que nas várias modalidades desportivas
revelem talento significativo - devendo neste aspecto ser reforçado o ecletismo desportivo
com apoio de vocações a áreas diversificadas
e não limitadas aos desportos maioritários.
g) Apoio aos artistas e desportistas em fim de carreira com bolsas de
utilidade publica que permitam um fim de vida honroso, sempre que comprovadamente necessário
h) Inventariação e requalificação de Auditórios e velhos Teatros,
Casas do Povo, Sociedades recreativas extintas ou outros espaços culturais
abandonados ou sub aproveitados. Portugal tem centenas de espaços
surpreendentes deste tipo, em estado de ruina avançada ou total.
i) Urgente e forte monitorização de todo o património natural
e histórico de interesse nacional ou regional para relançamento e
subsidio de recuperações e requalificação. Há demasiados edifícios históricos
por classificar e por vezes, pequenas referências regionais representam
identidade estética e cultural local: - moinhos, fornos de cal, açudes,
bosques, ecossistemas, ruinas por explorar, casas, palacetes, quintas e adegas
de referência, minas abandonadas, grutas, etc. etc.
l) Aproveitamento das estações de Caminhos-de-ferro abandonadas
e conversão em espaços culturais, sedes de Colectividades
significativas e merecedoras, Pequenos Museus regionais etc.
m) Vigilância de “play list” democráticas - e
não comandadas por lóbis editoriais ou outros - na Radio e Televisão públicas
e zelo pelo cumprimento integral da lei da passagem de música portuguesa tanto
na RTP como nas estações privadas
n) Apoio fiscal aos direitos de autor e respectiva Sociedade Portuguesa de
Autores e GDA (direitos dos artistas). Os autores são o motor e o veículo activo
da Cultura nacional no espaço e no tempo
o) Promoção da leitura, com contadores de histórias, leitura de
poesia, de lendas e recriações históricas; criação de eventos literários,
estimulo aos prémios florais locais, subsidio das autarquias a episódios
espontâneos em espaços públicos, cafés, esplanadas de verão etc.
p) Criação de uma Comissão de Ética e Qualidade para o áudio visual, com
funções consultivas e formativas. Deverá actuar na estrutura - aconselhando e
advertindo sempre que necessário. Esta CEQ e as Provedorias do ouvinte
devem em conjunto ambas configurar uma espécie de “livro de sugestões e reclamações”
interveniente e activo face, por vezes, às más opções da RTV pública.
q) Apoio à iniciativa empresarial relacionada com actividades que são
simultaneamente culturais e de potencial atracção como o Turismo equestre, o
Eno-turismo, a Gastronomia Tradicional, etc.
r) Apoio incondicional às Tunas e Bandas filarmónicas que são na sua grande
parte, ainda hoje, o alfobre e as verdadeiras Escolas de musica onde se iniciam
quantas vezes futuros músicos de Orquestra
s) Exploração apoio e regulação de actividades relacionadas com a montanha
e o interior paisagístico na sua dimensão desportiva e turística (rotas dos
castelos, turismo de natureza, montanhismo, desportos de neve, ultramaratonas,
etc.)
t) Apoio as actividades relacionadas com os recursos hídricos (canoagem,
rafting, pesca desportiva, motonáutica, triatlos, etc.) como forma de promoção desenvolvimento
e atracção turística
u) Motivação, empenho, exploração, criação e apoio de iniciativas
relacionadas com o mar. A formação profissional, a museologia própria, concursos
de pesca, observação de aves, festivais alternativos, concursos temáticos,
construção na areia, rotas litorais, etc. podem constituir alternativas
culturais com público próprio se devidamente exploradas.
v) A História portuguesa está repleta de episódios e de protagonistas que
nunca passaram dos compêndios. Há que potenciar pelo Teatro, Cinema, Televisão,
Literatura, etc todas as iniciativas q permitam o reconhecimento e divulgação
dos nossos maiores através de biografias, filmes, celebrações várias. Obras que
recoloquem essa história no patamar de circulação e que promovam autoestima e mais
publico conhecimento de tais pessoas e feitos.
x) Deve haver bolsas aos autores fecundos e sérios que, através da sua reconhecida
e continuada obra, promovam e divulguem a cultura nacional. Escultores, coreógrafos,
músicos, pintores, escritores, compositores, divulgadores culturais, etc. todos
deveriam poder contar com o interesse acompanhamento e subsídio de Estado, através
de apoios e estimulo à sua produção.
z) A cultura é uma forma de estudar e integrar o passado, relatar e
confirmar o presente e projectar e garantir o futuro de um Povo. Não deve ser
entendida nunca como um parente pobre da representatividade nacional, mas sim
uma embaixadora, - quantas vezes determinante - da qualidade e da matriz de um
país na admiração do mundo e do seu reconhecimento.
Assim os governantes por vezes o entendessem devidamente.
Pedro
Barroso