Talvez ainda haja na velha Europa o som do heroísmo medieval. O cheiro da guerra à velha maneira. Os coloridos torneios. O ideal de cavalaria. Cavaleiros e cavalheiros.
Guerreiros do templo. Homens de bem.
Cruzados que, pela fé e pela espada, demandavam orientes para espalhar a Fé e, ao que parece, trazer canela. Mourejada faina; perdoe-se-me a controvérsia de tal adjectivo verbal.
Mas assim nos foi dada, de facto, a Historia que por cá aprendemos. Povo de heróis e santos.
Afonso Henriques tivera um momento iluminado com intervenção divina antes da batalha de Ourique. Por isso derrotou cinco reis mouros. Nuno Alvares antes de Aljubarrota. Por isso derrotou os Castelhanos. E assim por diante.
Heróicos, mesmo na derrota, como o alferes Duarte de Almeida na batalha de Toro.
Mais recentemente, era comovente preceito ver os pobre pescadores - de camisas aos quadrados como pertence - humildes e crentes, na missa solene de partida dos bacalhoeiros.
Depois, sempre com bênção, mais do mesmo, na partida dos navios para a guerra colonial.
A eterna ligação da religião e da guerra.
E com tal mistura explosiva, tudo regressa ao essencial. Aos radicalismos fanáticos.
Eles são de semente fácil no seio de uma certa juventude marginal, aventureira, sem sentido pátrio, sem emprego fixo, sem formação equilibrada nem azimutes na consciência.
Mas hoje também, está mais que visto, a ameaça tornou-se diferente.
E não se combate com submarinos. Há que actualizar a ferramenta.
A técnica mudou. Dois pilotos kamikase podem estourar Nova Iorque. Uma brigada de 3 ou 4 elementos pode por em pânico uma cidade como Paris e arredores.
E para eles, treinados para isso, fanáticos sem alma, nada garante que fiquem por aqui.
Todos somos hoje Charlie. Pelo humor, pelo sentido critico, contra o fanatismo e pela inteligência.
Hoje - sobretudo depois do 11 de Setembro - a guerra tornou-se noutra coisa. A ameaça é outra.
Combate-se com informação, sabedoria, muito trabalho de arquivo e de rua, minuciosa prospecção informática, pesquisa constante; e muita coragem na intervenção cívica e policial.
E rapidez e coragem também na nossa colectiva resposta imediata. Na defesa frontal dos valores básicos da cidadania contra a barbaridade.
Ainda aí e precisamente por isso, ninguém pode descansar com tais monstros à solta.
Por isso mesmo esta explicação num momento muito sensível:- o Governo Civil que se pretende aqui denuncia os podres. Sim.
Mas luta acima de tudo, pela Democracia, pelo Conhecimento, pela Inteligência, pelos Direitos do Homem, pela Fraternidade, pela Igualdade de acesso e pela Justiça social.
Ser pelo livre arbítrio, ser pela democracia directa - com o mínimo de intermediários da complexa e retardante maquina do poder - não é ser pela guerra de rua. Ou pelo atentado gratuito e imbecil, quando não concordamos com os outros.
As coisas da Justiça devem resolver-se na Justiça. E aqui preferiremos sempre a violência da ideia à ideia da violência. Somos pela seriedade.
Civicamente denunciadora e sempre atenta. Mas serena; e sobretudo responsável.
Desde há muito que os fundamentalismos, sejam de que etiologia forem, me assustam e, simultâneamente indignam-me. Vivemos num mundo cada vez mais insano e cruel! Quo vadis???
ResponderExcluirSim, "a violência da ideia" que possa gerar, longe da "ideia da violência" que desata o caos em ressonância de terror sem fronteira, sem eira nem beira, materializando, apenas, dizimação sem tino...
ResponderExcluirSomos um Povo cada vez mais isento de responsabilidade. Vivemos à procura de protagonismo sem olhar a meios para o atingir. Sem valores morais, éticos e políticos. Vivemos numa correria tamanha, que não olhamos para o outro que está mesmo ao nosso lado. Somos seres imperfeitos, mas criticamos tudo e todos. Mesmo assim, tenho esperança na mudança. "Sonha e serás livre de espirito, luta e será livre na vida." Che Guevara
ResponderExcluir